nu46rtx3qrx9tl1hfgbwj4it27n9fy
Torre Branca com base nos totens afro-brasileiros de Rubem Valentim

Torre Branca – Rubem Valentim

Torre Branca com base nos totens afro-brasileiros de Rubem Valentim

A pureza simbólica da Torre Branca evoca espiritualidade e legado afro em sua essência estética

Torre Branca: Pureza, Ancestralidade e Luz na Arte Concretista Afro-Brasileira

A “Torre Branca” introduz uma dimensão cromática fundamental no diálogo entre concretismo e espiritualidade afro-brasileira. Inspirada nos totens de Rubem Valentim, esta obra utiliza o branco – cor primordial nas religiões de matriz africana – como veículo para explorar conceitos de pureza, paz, criação e ancestralidade através da linguagem geométrica contemporânea.

Simbolismo do Branco nas Tradições Afro-Brasileiras

Na cosmologia afro-brasileira, o branco é a cor de Oxalá, o orixá da criação, pai de todos os orixás e da humanidade. Esta escolha cromática não é casual – representa o princípio organizador do universo, a paz suprema e a sabedoria ancestral. O branco também está associado aos eguns (ancestrais) e aos rituais de purificação e renovação.

A torre branca funciona como um farol espiritual, emanando luz e clareza. Sua verticalidade sugere a ligação direta com o Orun (mundo espiritual), servindo como canal de comunicação com os ancestrais e as forças primordiais da criação.

Construção Geométrica e Minimalismo Sagrado

A utilização do branco permite uma apreciação mais pura das formas geométricas empregadas. Sem a distração cromática, os símbolos concretistas – círculos, triângulos, cruzes e losangos – revelam-se em sua essência estrutural, permitindo uma leitura mais profunda de seus significados simbólicos.

Esta abordagem minimalista ecoa a simplicidade ritual associada a Oxalá, onde o excesso é evitado em favor da pureza e clareza. A geometria torna-se meditação, cada forma uma oração visual que convida à contemplação e ao silêncio interior.

Luz, Sombra e Dimensionalidade

A “Torre Branca” interage de maneira única com a luz ambiente. As formas geométricas criam jogos de sombra que mudam ao longo do dia, fazendo com que a obra seja dinamicamente diferente conforme a iluminação. Esta mutabilidade reflete o conceito de Axé como força em constante movimento e transformação.

As sombras projetadas tornam-se parte integral da obra, criando desenhos efêmeros que expandem a composição além de seus limites físicos – uma metáfora visual para a expansão da consciência espiritual e a irradiação do Axé.

Diálogo com a Tradição e Inovação

Seguindo o caminho traçado por Rubem Valentim, a “Torre Branca” demonstra como elementos da cultura popular e religiosa podem ser elevados através da abstração sem perder sua potência simbólica. A obra mantém a integridade dos símbolos sagrados enquanto os apresenta em uma linguagem visual contemporânea e universal.

O branco também estabelece um diálogo com a tradição modernista brasileira, evocando a arquitetura de Brasília e o concretismo paulista, porém infundindo estes referenciais com conteúdo espiritual afro-brasileiro.

Função Ritual e Contemplativa

Mais que objeto artístico, a “Torre Branca” funciona como instrumento de meditação e conexão espiritual. Sua presença cria um campo energético que convida à introspecção e à paz interior. Em espaços expositivos, a obra estabelece uma zona de silêncio e contemplação, transformando o ambiente ao seu redor.

A invocação do Axé nesta torre branca manifesta-se como força purificadora e organizadora, convidando à renovação espiritual e à conexão com as forças ancestrais que guiam e protegem.

Universalidade e Especificidade Cultural

Enquanto profundamente enraizada na espiritualidade afro-brasileira, a “Torre Branca” comunica-se em uma linguagem visual universal. Sua pureza formal permite múltiplas leituras, acolhendo espectadores de diferentes backgrounds culturais enquanto mantém sua especificidade simbólica para aqueles familiarizados com as tradições afro-brasileiras.

Torre Branca com base nos totens afro-brasileiros de Rubem Valentim

A pureza simbólica da Torre Branca evoca espiritualidade e legado afro em sua essência estética